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ERRO MÉDICO julho 5, 2011

Filed under: Sem categoria — lahad @ 7:57 pm

De tempos em tempos um médico comete um erro ao tratar uma personalidade famosa.

O médico é massacrado em público, condenado e julgado muito antes do julgamento legal, por pessoas que não estudaram Direito nem processo jurídico.

 Ou seja, é condenado por pessoas que estão cometendo grosseiros erros jornalísticos e legais, mas isto passa em branco. 

 Invariavelmente a reputação do médico é  destruída ou seriamente chamuscada.

Com todo o respeito aos familiares que sofreram erros médicos escabrosos, vou colocar alguns pontos que esquecemos quando acusamos nossos médicos de imperícia, imprevidência e negligência

1. Todo profissional comete erros, erros grassos, evitáveis se prestassem mais atenção.

 São fruto de uma noite mal dormida, um filho que nos deixa acordado, uma dívida a pagar, um plano econômico escabroso.

 Errar é humano, mas se você for um médico, esta máxima não vale.

 2. Em 1990, quando três economistas do Governo Collor sequestraram nosso dinheiro, um conhecido meu se suicidou, uma senhora vizinha morreu porque não tinha como pagar uma operação na semana seguinte. Muitos amigos me descreveram casos semelhantes.  

 Quase todos os Ministros da Fazenda que passaram pelo governo manipularam os índices de correção monetária, usaram as nossas “contribuições previdenciárias” para pagar salários para o funcionalismo público, e hoje ninguém se aposenta com suas próprias contribuições, nem pelo valor imaginado.

O problema no caso de médicos é que a relação entre médico e consequência é direta,  e nas outras profissões não. Este é o problema da profissão.

Um erro num paciente que morre na mesa de operação é bem mais fácil de provar do que um erro de um intelectual que leva uma pessoa a se suicidar, que atrasa o desenvolvimento do país em 10 anos, que aumenta os juros para captar mais e aumenta assim a miséria

Isto é justo?

2. Eu cometo vários erros de português a cada artigo que escrevo, só que erros de português não matam seres humanos, a não ser os meus professores de português que morrem de vergonha.

 Pense nos erros que você comete na sua profissão. Pense no número de pacientes que um médico atende numa carreira. Ele é processado, e você não.

 Temos o direito de processar nossos médicos só porque escolheram uma profissão que salva vidas, e nós pobres mortais não?

Está crescendo no Brasil a indústria de caça aos médicos com indenizações milionárias, o que irá aumentar o custo médico ainda mais

Não estamos usando dois pesos e duas medidas, julgando médicos muito mais rigorosamente do que nós mesmos?

4. O marco de comparação para um serviço médico deveria ser quais as chances do paciente sobreviver se cada um cuidasse de si mesmo.

 Parece estranho, mas a regra básica é esta.

 Se eu me tratasse sozinho provavelmente já estaria morto.

 Mas o dia que você estiver perdido num deserto, um simples enfermeiro é tudo que você quer.

 Obviamente exagerei um pouco na comparação acima.

Nós pagamos uma consulta achando que estamos contratando alguém muito bem treinado em Medicina, mas podemos esperar sempre uma conduta perfeita?

 Mesmo pagando pouco? 

 Obviamente que sim. Mas isto significa que ele ou ela não poder errar feio, digamos 0,01% das vezes?

 5. Quem viaja de avião sabe que tem uma chance em 5 milhões de se espatifar voando.

 Estamos simplesmente trocando de riscos, o risco de ser atropelado indo a pé contra o risco de cair o avião.

 O risco de nos tratarmos com um simples farmacêutico e o de nos tratarmos com um médico formado, justamente no dia que ele diagnosticou mal.

 Risco de erro médico faz parte dos riscos de vida, como viajar de avião.

 Devemos processar a Cia. de Aviação cada vez que um avião cai, colocando em risco a própria empresa com ações trilionárias?

 É o que fazemos, incitados pela indústria de indenizações.

 6.  O que estou propondo é nada popular, e só quero que as pessoas reflitam.

 Por que médicos não podem fazer a sua cota parte de erros sem serem trucidados?

 Como nós? 

Por que um médico não pode cometer um erro depois de 8.000 cirurgias? Por que ele perde o direito de ser médico porque errou na 8001a?.

Os que argumentam que ele deveria ter sido mais cuidadoso naquela 8001a., não entendem que não existe perfeição.

 O Estado poderia processar aqueles que erram muito mais do que a média, não todo aquele que erra.  

 Uma pequena margem de erros deveria ser admitida como fatos da vida, um risco social como andar de avião.

 Eu sei que quando ocorre com a gente a questão muda de figura, mas trucidar uma profissão ou obrigá-los a pagar enormes seguros médicos, não é a solução.

@stephenkanitz

 

Verdades e realidades médicas – por Luis Felipe S.Ribeiro Filho junho 13, 2011

Filed under: Crônicas — lahad @ 1:06 pm
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Nos últimos 20 anos a classe médica vem perdendo paulatinamente a sua condição de trabalho, deixando o médico de ser um profissional liberal e, transformado continuamente por Governos estatizantes, em um trabalhador mal remunerado da saúde. O profissional médico de um passado não muito distante dispunha de um “status” que hoje já não existe.

As gerações médicas passadas gozavam de prestígio junto à sociedade e eles não dispunham de um grande arsenal terapêutico, nem de uma sofisticada tecnologia laboratorial ou de condições cirúrgicas e anestésicas que hoje possuímos. Em compensação mantinham e cultivavam uma relação médico-paciente que praticamente inexiste nos dias atuais, e, que os tornava um dos esteios da sociedade brasileira.

Vários fatores vieram somar, provocando a mudança dessa realidade e ameaçando gravemente a credibilidade do médico junto à sociedade. Em primeiro lugar a profusão de escolas médicas em Municípios, que na realidade não possuem condições de se quer em ter uma escola secundária.

O atendimento massificado criado pelo Ministério da Saúde nivelou o profissional médico por baixo, criando condições de conflito permanente entre médicos e pacientes, quando na verdade, ambos são vítimas de um sistema mal planejado em um País que se declara emergente, mas, continua com características e incertezas de um País pobre do terceiro mundo. 

A miserabilidade nas periferias das grandes cidades, aonde populações recém chegadas do meio rural, sem nenhuma condição de vida nas cidades, apresentam entre outras coisas uma precária saúde.

Em um País que não tem condições de saneamento, tem como opção fazer uma medicina curativa de baixíssima qualidade. No Sistema Único de Saúde, a palavra humanização serve para encobrir as más condições de atendimento que o Estado Brasileiro oferece a sua população. A saúde é um direito de todos e um dever do Estado, principio constitucional, que não consegue ser atingindo. Principalmente isto ocorre pela má gestão, falta de recursos financeiros, corrupção, ideologia que o muro de Berlin pôs por terra, burocracia, e, assim a todo o momento o cidadão busca a Justiça na tentativa de ter garantido um atendimento médico e hospitalar. A Justiça vem produzindo bizarras intervenções que ao invés de ajudar, acaba produzindo muitas vezes um grande imbróglio para o paciente, médico e hospital, deixando o principal responsável que é o Estado sem grandes responsabilidades em resolver a situação.

A real necessidade é uma medicina preventiva realística, que não pode ser onírica e prosaica. 

 

Quando o cidadão passa a conhecer melhor seus direitos e deveres, e o paternalismo ou o coronelismo cedem para dar lugar a uma estrutura de sociedade ética e crítica, o homem passa a ser o objetivo mais importante de uma Nação. Afirmo com toda certeza que a ANVISA não é um fator de avanço para a medicina brasileira e sim exerce papel semelhante ao Talibã. A Anvisa se autoconsagrou o grande tutor do cidadão brasileiro, aquele que sabe tudo e a quem devemos obediência cega e segundo o Filósofo Denis Lerrer Rosenfield a intromissão deste órgão na vida dos brasileiros é coisa de esquizofrênicos, predomina ali um ranço ideológico ultrapassado. Existem outros órgãos na vida pública brasileira com atuação semelhante. Outra praga disseminada e que atinge a dignidade de pacientes, médicos e hospitais são os famigerados e indignos planos de saúde, causando dificuldades de toda ordem aos que neles estão inseridos. Contém características mercenárias. Mais atrapalham do que ajudam. Em Cuiabá nos últimos 10 anos a Secretaria Municipal de Saúde errou muito mais do que acertou, causando deformidades insanáveis ao Sistema Único de Saúde em nossa cidade.

À medida que a tecnologia foi sendo absolvida pela ciência hipocrática, e isto ocorre no Brasil desde o final da segunda guerra mundial, o médico passou a desprezar a arte semiológica tão bem desenvolvida no mundo ocidental pela Escola Médica Francesa.

Desta forma o médico passou a refletir menos em seus pacientes, dando mais importância à técnica laboratorial, radiológica, etc. Isso pode parecer pouco importante dentro da medicina brasileira, mas sem duvida alguma foi sentida em toda nossa sociedade.

As gerações médicas atuais devem ter o “Know-how” da escola médica americana, a perspicácia da Escola Médica Francesa e a solidariedade de um Oswaldo Cruz e Carlos Chagas e bom senso.

Eis aí o perfil do médico ideal tão almejado pela sociedade brasileira. 

 

*LUIS FELIPE SABÓIA RIBEIRO FILHO é Provedor da Santa Casa de Cuiabá

 

FAÇA A SUA PARTE : DOE AGORA abril 13, 2011

Filed under: Sem categoria — lahad @ 7:58 pm

Médicos Sem Fronteiras é uma organização médico-humanitária internacional, independente e comprometida em levar ajuda às pessoas que mais precisam. Também é missão de MSF tornar públicas as situações enfrentadas pelas populações atendidas.

São cerca de 22 mil profissionais de diferentes áreas, espalhados por 65 países, atuando diariamente em situações de desastres naturais, fome, conflitos, epidemias e combate a doenças negligenciadas.

MSF surge, então, como uma organização médico-humanitária que associa socorro médico e testemunho em favor das populações em risco.

10 Motivos para ser um doador sem fronteiras.

1. É fácil doar! 5 minutos do seu tempo podem salvar muitas vidas.

2. Custa pouco e faz muita diferença. O que você faz com R$1,00 por dia?
• Compra uma caneta
• Faz uma ligação para celular
• Esquece no fundo da bolsa
• Salva vidas.

3. R$30,00 por mês fazem a diferença. Com R$1,00 por dia, durante uma ano, você nos ajuda a:
– Equipar 15 médicos para prestar primeiros socorros em países em guerra.
– Vacinar 200 crianças contra meningite.

4. Você acompanha os resultados da sua doação
– Você recebe informativos e relatórios periódicos sobre as atividades que estamos realizando graças ao apoio de pessoas como você!

5. Faz bem
– Doar é um gesto de cidadania e solidariedade.
– Sua doação nos ajuda a salvar vidas. Doar é ajudar mulheres grávidas a terem um parto seguro, tratar crianças pequenas com malária e realizar cirurgias em pessoas feridas por bombas e balas. Sua doação nos garante independência de poderes políticos e econômicos e nos permite agir rapidamente.

6. Os recursos vão para o lugar certo
– MSF estará sempre prestando contas a você.
– 83% dos recursos são aplicados diretamente em nossos projetos.

7. Você pode confiar em MSF
– Fomos reconhecidos com o Nobel da Paz em 1999.
– Somos auditados anualmente por empresas independentes.
– Temos 3,8 milhões de doadores no mundo.

8. Você faz a diferença
– Graças a doadores como você, MSF consegue atuar com independência de poderes políticos, econômicos e militares.
– 80% dos nossos recursos vêm de doadores privados, pessoas como você!

9. Você ajuda a quem mais precisa
– São mais de 400 projetos, espalhados pelo mundo, levando cuidados de saúde a milhares de pessoas, vítimas de catástrofes naturais, conflitos armados, epidemias, fome, sem discriminação racial, religiosa ou política.

10. Milhares de pessoas precisam de sua ajuda urgente!
– Neste momento, em algum de nossos projetos tem uma pessoa em uma situação muito difícil, precisando urgentemente de cuidados de saúde e você pode fazer a diferença

 

Para ajudar seja um doador sem fronteiras, no site http://www.msf.org.br há várias formas de doação.

 

 

 

 

Video Educativo Hipertensão Arterial

Filed under: Sem categoria — lahad @ 6:51 pm

 

EU SOU 12 POR 8

Filed under: Sem categoria — lahad @ 6:48 pm
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Pessoal , hoje estou aqui para divulgar a campanha eu sou 12 por 8  realizada pela sociedade brasileira de cardiologia que tem como objetivo orientar a população sobre essa doença silenciosa que acomete uma em cada quatro pessoas adultas.

A hipertensão arterial é  responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves conseqüências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle da pressão.

Para mais informações acessem o site  http://www.eusou12por8.com.br

 

CURSO ONLINE – Como preencher uma declaração de óbito. março 22, 2011


Clique na imagem para abrir o curso

 

 

Questão caso clínico 1 úlcera péptica março 21, 2011

Filed under: Sem categoria — lahad @ 6:51 pm

Homem, 45 anos, com história de hemorragia digestiva altapor úlcera há 2 anos, tratado para Helicobacter pylori comlanzoprazol (30 mg), claritromicina (500 mg) e amoxicilina (1g12/12h) por 7 dias. Refere recidiva de dor epigástricasemelhante à anterior. EDA recente: duas úlceras ativas embulbo; biópsias de antro – presença do Helicobacter pylori. Aprincipal explicação para a persistência do H. pylori é:

Para ver a resposta clique no  comentários  abaixo

 

Link: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão

VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão

VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão



 

CASO CLÍNICO 1 Úlcera Péptica

Filed under: CASOS CLÍNICOS — lahad @ 5:39 pm
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AUTOR

Rodrigo Antonio Brandão Neto

Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP


QUADRO CLÍNICO

Paciente do sexo masculino, com 43 anos de idade, antecedente de lombalgia ocasional com uso de anti-inflamatórios, refere dor epigástrica em queimação há 3 semanas, com piora associada a alimentação. Não apresentava disfagia, vômitos e outros sintomas associados. Há 1 semana, após recorrência da lombalgia e uso de analgésicos e anti-inflamatórios, apresentou piora da epigastralgia, procurando o serviço de emergência. Relato de fezes escurecidas e um episódio de vômitos com laivos de sangue em seu conteúdo. Sem outros antecedentes patológicos dignos de nota.

Exame Físico

BEG, corado, hidratado, anictérico, acianótico.

PA: 130/70 mmHg.

FC: 90 bpm.

Aparelho respiratório: MV+, sem RA.

Aparelho cardiovascular: 2BRNF, sem sopros.

Trato gastrintestinal: plano, flácido, dor discreta à palpação de epigástrio, descompressão brusca negativa, sem visceromegalias e massas palpáveis.

MMII: pulsos +, sem edema.

Toque retal: presença de sangue na luva.

COMENTÁRIOS

Paciente com quadro de epigastralgia em queimação, tem antecedente de uso de anti-inflamatórios não esteroidais, que são associados com risco de aparecimento de úlcera péptica.

Até uma semana atrás, o paciente apresentava quadro sugestivo de dispepsia funcional sem apresentar sinais de alarme, como disfagia, icterícia, sangramento, anemia, alterações de exame físico sugestivos de doença maligna, que indicariam a realização de endoscopia digestiva alta. Ele apresenta ainda idade menor que 55 anos, e caso a idade fosse maior seria outra indicação da realização do procedimento. Posteriormente, com uso de anti-inflamatórios, o paciente apresentou piora da epigastralgia e fezes escurecidas, com vômitos com laivos de sangue, que levam à suspeita de hemorragia digestiva alta e representa uma indicação formal da realização de endoscopia digestiva alta.

A hemorragia digestiva alta é definida como sangramento intraluminal de qualquer localização entre o esôfago superior e o ligamento de Treitz. O sangramento gastrintestinal alto não varicoso resulta de lesão da mucosa esofágica ou gastroduodenal com ulceração ou erosão de um vaso subjacente, ao passo que o sangramento gastrintestinal varicoso tem origem na ruptura das varizes gastroesofágicas. Esta condição é relativamente comum, com alta morbidade e representa altos custos médicos. A incidência anual é de 50 a 150 por 100.000 habitantes, ocorre 2 vezes mais em homens e aumenta com a idade e em áreas de menor desenvolvimento socioeconômico.

A doença ulcerosa péptica é a maior causa, representando cerca de 46% dos casos. Em nosso paciente com quadro de epigastralgia em queimação e uso de anti-inflamatórios, a probabilidade de doença ulcerosa se torna muito maior. Deve-se acrescentar que existem 4 fatores principais para desenvolvimento de doença ulcerosa péptica:

1.      uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE);

2.      infecção pelo H. pylori;

3.      estresse;

4.      acidez gástrica

Destes fatores, o uso de AINE é o mais prevalente nos pacientes com úlceras gástricas, e a infecção pelo H. pylori foi observada com maior frequência no grupo das úlceras duodenais. A gravidade do sangramento geralmente é maior nos pacientes com úlceras duodenais.

O aspecto inicial mais importante na abordagem deste paciente é a ressuscitação volêmica, mas este paciente parece estar hemodinamicamente estável; mesmo assim, acessos calibrosos devem ser obtidos para caso de eventualidades. Pode ser passada sonda nasogástrica com lavagem com soro fisiológico em temperatura ambiente, entretanto, tal procedimento é controverso e a maior parte da literatura não recomenda como rotina.

A endoscopia digestiva alta é o próximo passo necessário na avaliação deste paciente. A endoscopia digestiva demonstrou úlcera em duodeno não sangrante, mas com coágulo aderido, e não apresentou outras lesões ulceradas.

Uma das principais classificações endoscópicas da úlcera é a classificação de Forrester, que divide os pacientes da seguinte forma

1.   Úlcera sangrante ativa:

1a: sangramento importante (esguichando);

1b: sangramento menor (babando).

2.   Úlcera sem sangramento ativo:

2a: vaso visível não sangrante;

2b: úlcera com coágulo aderido;

2c: úlcera com marcas vermelhas ou escuras.

3.   Úlcera com base limpa.

No caso, o paciente apresenta, portanto, uma úlcera péptica do tipo 2b. Este é um paciente com estigma de alto risco de ressangramento, que é a presença de coágulo aderido na base da úlcera. Outros estigmas de alto risco de novo sangramento são a presença de sangramento ativo e presença de vaso visível não sangrante. Portanto, os pacientes com classificação 1 até 2b apresentam alto risco de ressangramento.

Quando o paciente apresenta estigmas de alto risco de ressangramento, é indicado o uso de bloqueadores de bombas de prótons por via endovenosa e terapia endoscópica. Não parece existir superioridade dentre as diferentes técnicas endoscópicas de hemostasia, como clipagem ou utilização de soluções para hemostasia, portanto, o método endoscópico de hemostasia fica a critério do endoscopista. A utilização de bloqueadores de bomba de prótons endovenoso em bolus de 80 mg EV, seguida de infusão contínua de omeprazol na dose de 8 mg/EV/hora por 72 horas, foi associada com grande diminuição de ressangramento em alguns estudos; deve ser mantido o bloqueador de bomba de prótons posteriormente por via oral por mais 2 a 4 semanas. Recentemente foi estudado o uso do esomeprazol endovenoso e pantoprazol, também com sucesso.

O paciente obviamente precisa descontinuar o uso dos anti-inflamatórios, substituindo-os por analgésicos comuns ou opioides, para evitar recorrência. Outro fator importante para diminuir a recorrência é a erradicação do Helycobacter pylori, que, em alguns estudos, é associado a ressangramento em até 1 caso a cada 3 em 1 ano. Vários esquemas de erradicação de Helycobacter pylori foram propostos, porém o que aparentemente tem melhor eficácia é o uso de claritromicina, amoxicilina e omeprazol por 7 a 14 dias. A investigação do Helycobacter pylori está, entretanto, prejudicada, e a avaliação endoscópica para este agente pode estar negativa, assim como o teste da urease e pesquisa respiratória. Porém, a pesquisa sorológica não é prejudicada.

Sorologia para H. pylori positiva

A sorologia confirmou a infecção por H. pylori e, assim, está indicada sua erradicação, que deve ser realizada em pacientes com doença ulcerosa péptica, antecedente familiar de neoplasia gástrica e linfoma MALT de estômago. Pode ainda se considerar o tratamento em pacientes com quadros crônicos de dispepsia com Helycobacter positivo.

Como o paciente apresenta doença ulcerosa complicada, deve ser realizada nova endoscopia após o tratamento e a confirmação da erradicação do H. pylori. O teste respiratório ou pesquisa de antígeno fecal poderiam ser utilizados para avaliar erradicação da infecção, mas como nova endoscopia é necessária em úlceras complicadas, o melhor é avaliar o H. pylori endoscopicamente. A sorologia não se presta a avaliar a erradicação, pois pode permanecer positiva ainda por anos.


MEDICAÇÕES

Omeprazol

Este foi o primeiro IBP disponível para uso comercial. Discutiremos seu aspecto como protótipo para os IBP, relatando posteriormente as diferenças em relação aos demais IBP.

Modo de Ação

Ligação covalente com a enzima H+/K+ ATPase (bomba de prótons das células parietais gástricas), bloqueando o passo final na produção do ácido, a qual pode ser reduzida em até 95%. A secreção do HCl só se reiniciará após a inserção de novas moléculas da bomba, uma vez que a ligação é irreversível.

Indicações

  • Tratamento sintomático de úlcera péptica: evidência de estudos randomizados e meta-análises. O tratamento atual da grande maioria dos casos de úlcera péptica baseia-se na erradicação do H. pylori, cujos esquemas de antibióticos incluem um antissecretor.

·       Papel coadjuvante na redução da recorrência de úlceras pépticas: evidência baseada em estudos randomizados

Cicatrização e prevenção de lesões gastroduodenais em usuários crônicos de AINE: evidência de estudos randomizados e meta-análises.

  • Redução de hemorragia digestiva alta em usuários de AINE: evidência de estudos de coorte.
  • Dispepsia funcional (quando a queixa principal é dor epigástrica): evidência baseada em estudos randomizados.
  • Tratamento de hemorragia digestiva alta por úlcera péptica (diminuem a taxa de ressangramento, com ou sem tratamento endoscópico, mas não modificam a mortalidade): evidência de estudos randomizados e meta-análises.
  • Profilaxia primária de hemorragia digestiva alta para úlcera de estresse: evidência baseada principalmente em opinião de especialistas.
  • Síndrome de Zollinger-Ellison e condições hipersecretoras: evidência baseada principalmente em opinião de especialistas.
  • Erradicação de H. pylori em associação com antimicrobianos: evidência baseada em estudos randomizados e meta-análises.

Posologia

A droga deve ser ingerida 30 minutos antes de uma refeição.

  • Úlcera duodenal ativa: 20 mg VO por 4 a 8 semanas.
  • Úlcera gástrica ativa: 40 mg VO por 4 a 8 semanas.
  • Doença do refluxo gastroesofágico: 20 mg VO por 4 a 8 semanas.
  • Condições hipersecretoras: dose individualizada; começar com 60 mg VO.

Apresentações Comerciais

  • Genérico: Omeprazol (cápsulas de 10, 20 e 40 mg e ampolas de 40 mg).
  • Outros nomes comerciais: Gaspiren® (cápsulas de 20 mg e ampolas de 40 mg); Losec® (ampolas de 40 mg); Losec Mups® (comprimidos de 10, 20 e 40 mg); Peprazol® (cápsulas de 10, 20 e 40 mg); Omep®, Estomepe® e Bioprazol® (cápsulas de 10 e 20 mg).

Efeitos Adversos

Os mais comuns são: cefaleia, vertigem, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos e infecções do trato respiratório superior.

Classificação na Gravidez

Classe C.

Monitoração

Não existe necessidade de exames específicos, mas deve-se ter precaução em pacientes com insuficiência hepática (avaliar necessidade de menores doses).

Interações Medicamentosas

Por inibirem a atividade de algumas enzimas do citocromo P450, podem aumentar o efeito da warfarina, da fenitoína e dos benzodiazepínicos.

Soro Fisiológico (NaCl 0,9%)

Solução contendo 154 mEq/L de sódio e 154 mEq/L de cloreto (9 g de NaCl em 1 L).

Modo de Ação

Expansor do volume intravascular.

Indicações

Situações de choque de padrão hipovolêmico e distributivo.

Posologia

Administrado no espaço intravascular com velocidades de infusão variáveis (conforme a função cardíaca de cada indivíduo), em forma de alíquotas de 250 a 1.000 mL, com reavaliação frequente da resposta obtida e eventuais efeitos adversos.

Efeitos Adversos

O uso de grandes volumes pode estar associado ao desencadeamento de sobrecarga volêmica e acidose metabólica hiperclorêmica, assim como hipernatremia.

Apresentação Comercial

Bolsas ou embalagens plásticas contendo solução de cloreto de sódio a 0,9%. As embalagens podem conter volumes de 100, 250, 500 e 1.000 mL.

Monitoração

A taxa da velocidade de infusão deve ser monitorada por exame clínico, em especial pulmonar, para evitar sobrecarga hídrica.

Classificação na Gravidez

Classe A.

Interações Medicamentosas

Nenhuma significativa.

Betalactâmicos

Incluem o grupo das penicilinas (naturais e semissintéticas), cefalosporinas (1ª a 4ª geração), carbapenêmicos, monobactâmicos e associações com inibidores da betalactamase. A principal característica de tal grupo é a presença do grupamento químico heterocíclico azetidinona, denominado anel betalactâmico.

Modo de Ação

Resulta da inibição da síntese da parede celular bacteriana, por meio do bloqueio da transpeptidação do composto peptidoglicano, resultando em ação bactericida.

Os betalactâmicos ligam-se e inativam alvos específicos localizados na membrana celular bacteriana, envolvidos nas etapas de constituição e arranjo final da parede celular.

Aminopenicilinas (Ampicilina/Amoxicilina)

ampicilina apresenta estabilidade tanto para utilização oral ou parenteral. A meia-vida da droga é de 50 a 60 minutos, com eliminação renal (predominante) e hepática. Há grande concentração na bile e a passagem para o líquido cefalorraquidiano em meninges inflamadas situa-se em torno de 5 a 10% da concentração sérica, considerada baixa.

Com relação ao espectro de ação, a ampicilina é efetiva contra muitas bactérias aeróbias Gram-positivas (Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae, Streptococcus viridans, Enterococcus faecalis, Listeria monocytogenes), bactérias anaeróbias Gram-positivas (Clostridium spp, Peptostreptococcus spp e Actinomyces israelli), determinadas bactérias aeróbias Gram-negativas (Escherichia coli, Proteus mirabilis, Haemophilus influenzae, Salmonella typhi e não-typhi, Neisseria meningitidis) e bactérias anaeróbias Gram-negativas (Bacteroides spp, exceto Bacteroides fragilis, Fusobacterium spp)

Em comparação com a benzilpenicilina, há maior atividade contra Haemophilus influenzae, Enterococcus faecalis e Salmonella spp, apesar das taxas variáveis de resistência. Perde-se, por outro lado, atividade em relação a Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Neisseria gonorrhoeae e Clostridium spp.

As indicações clínicas principais envolvem o tratamento de infecções de vias aéreassuperiores (sinusite, otite, faringoamigdalite), infecções pulmonaresinfecções urinárias,salmonelosesmeningites por Listeria monocytogenes e Streptococcus agalactiae. Nas meningites por Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae, a observação do padrão de sensibilidade da cepa é fundamental para a utilização da ampicilina.

  • Dose habitual: 2 a 4 g/dia, a cada 6 horas, VO, e 100 a 200 mg/kg/dia EV com ajuste necessário para função renal; caso insuficiência renal, também ajustar para função hepática.
  • Gestação: classe B.
  • Apresentações comerciais: Ampicilinz®, Amplicil®, Ampifar®, Ampicilase®, Amplitor®, Binotal® e Cileten® (comprimidos de 250 e 500 mg, frasco-ampola com 250 mg, 500 mg e 1 g, suspensão com 125 e 250 mg /5 mL).

amoxicilina tem características semelhantes à ampicilina com relação à composição química e espectro de ação. Apresenta absorção oral mais efetiva, levando à permanência de concentrações séricas duas vezes maior que a ampicilina.

A meia-vida da droga é de 1 hora, com índice de ligação às proteínas plasmáticas de 17% e eliminação renal. A concentração da droga no líquido cefalorraquidiano é muito variável em pacientes com meningite, não devendo-se utilizá-la nestas circunstâncias. A única apresentação da droga é oral.

Com relação ao espectro antimicrobiano, a amoxicilina é mais ativa contra Salmonella typhi e menos ativa contra Shiguella spp. As indicações terapêuticas incluem o tratamento do Helicobacter pylori (droga adjuvante) e doença de Lyme.

  • Dose habitual: 1,5 a 3 g/dia divididos a cada 8 horas, com ajuste necessário para função renal; caso insuficiência renal, também ajustar para função hepática.
  • Gestação: classe B.
  • Apresentações comerciais: Amoxacilina®, Amoxil®, Hiconcil®, Cibramox®, entre outros (comprimidos de 250 e 500 mg, suspensão 125 e 250 mg/5 mL).

Macrolídeos (Eritromicina, Claritromicina, Azitromicina, Roxitromicina)

Modo de Ação

Os macrolídeos atuam na inibição da síntese proteica, por meio da ligação reversível com a subunidade 50S ribossomal, impedindo a fixação do RNA transportador ao ribossomoa e bloqueando a disponibilidade de aminoácidos. Dependendo da espécie, inóculo, dose utilizada e farmacocinética, os macrolídeos podem apresentar atividade bactericida ou bacteriostática (in vitro).

Indicações, Posologia, Modo de Uso, Apresentações Comerciais e Classificação na Gestação

1. Claritromicina

Macrolídeo semissintético derivado da eritromicina. Possui mecanismo e espectro de ação semelhantes aos da eritromicina. Diferentemente, porém, sua atividade contra estreptococos(incluindo o pneumococo) e estafilococos é cerca de 4 vezes maior que a eritromicina. Também possui atividade contra Haemophilus influenzaeHaemophilus ducreyiMycobacteriumlepraeMycobacterium avium-intracellulareToxoplasma gondii.

O índice de ligação proteica é de 55%, com metabolização hepática e excreção predominantemente renal. Comercialmente, há a apresentação oral e parenteral. As indicações clínicas principais incluem faringitesamidalitesotitessinusites purulentas. Aspneumonias bacterianas, como as causadas por pneumococo Chlamydia pneumoniae,Legionella pneumophilaMycoplasma pneumoniae, apresentam boa resposta clínica. Quadros de infecção por Mycobacterium aviumintracellulare devem receber esquemas terapêuticos com a inclusão de claritromicina.

  • Dose habitual: de 1 a 2 g/dia divididos a cada 12 horas, com necessidade de ajuste para função renal e hepática (se insuficiência renal).
  • Gestação: classe C.
  • Apresentações comerciais: Claritromicina® e Klaricid® (comprimidos de 250 mg e 500 mg e suspensão com 125 mg/5 mL e 250 mg/5 mL).

 

Alckmin assina, na AMB, ampliação de vagas e aumento na bolsa de residência em SP março 5, 2011

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve na sede da Associação Médica Brasileira na manhã desta terça-feira, dia 1º de março, para anunciar a ampliação do número de vagas de residência médica no Estado – de 4.848 para 5.051 vagas – e o aumento no valor da bolsa paga aos médicos residentes – de R$ 1.916,00 para R$ 2.338,00.

“É uma alegria muito grande vir à casa dos médicos brasileiros firmar este aumento, pois nos causa preocupação saber que o número de escolas médicas está maior e que São Paulo recebe um quarto dos médicos residentes do País, mas as vagas de residência não acompanham esse processo. É preciso complementar a educação para podermos oferecer à população uma medicina segura e de qualidade”, disse.

Fonte: http://www.amb.org.br